quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O Amor já moveu Montanhas


Numa cerimónia a que assisti há pouco tempo ouvi a Conservadora dizer aos nubentes que o casamento era um contrato especial, porque envolvia um sentimento: o Amor!

E de todos os sentimentos, o Amor é mesmo (muito) especial. Certo. Concordo. Mas ando desconfiado que este já não é o que era.

Casamos e estamos juntos por Amor. Impensável outra forma. Mas no entanto casamos (de papel assinado) cada vez menos.

Será por não confiarmos uns nos outros o suficiente? Ou será por ser mais fácil e rápido cada um ir para o seu lado, caso o Amor acabe?

As estatísticas dizem que mesmo entre os que tiveram a certeza de o casamento era o caminho, a taxa de divórcio é crescente.

Mas nas relações maritais a taxa de separação deve ser maior que nos casamentos. E é notório que o tempo médio de um casal é cada vez menor.

Por vezes renasce a esperança pois (julgamos) encontrar a outra metade da laranja....mas a laranjada azeda muito rápido. E nem adianta deitar açúcar, pois amarga ainda mais!

Gostamos e desgostamos muito rapidamente. E estamos a acelerar. Ao mínimo sinal de discórdia "deixamos de amar". E o “não deu” é sempre a resposta.

À mínima vibração negativa deixamos de acreditar no futuro a dois. Estamos agora a sentir ao momento. O sim ou o não. O clique.

As decisões sentimentais são tomadas no momento, sem pararmos para pensar, para reflectir. E não admitem retorno. Resta seguir em frente, para outra.

E muitas vezes acontece sem diálogo. Decidido por um, separam-se os dois. E tudo acaba.

Assim não vale a pena investir no Amor e nas relações, pois tudo pode acabar num minuto. Num nada e por nada.

Vejo agora que o Amor e as relações são como as pastilhas elásticas. Deitam-se logo fora quando começam a perder o sabor original.

E tudo isto é dito e feito em nome do coração, da emoção, da sensação imediata.

Tudo em nome do Amor....
... por nós mesmos....

Que saudade dos tempos em que o Amor movia Montanhas… 
…pois agora este desaparece quando surge uma qualquer pedrita no caminho…

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Zombies Urbanos


Estou na plataforma do metro e levanto a cabeça, calibrando os meus ouvidos.

Os únicos sons que consigo distinguir são os que se escapam de alguns headphones mais ou menos próximos.

Chega a composição e observo as pessoas, perfeitamente ritmadas nos seus movimentos, a adentrá-la.

Meneio a cabeça a pensar: Zombies não se imitariam melhor.

Entro na carruagem e não tiro do bolso o meu smartphone. Mas reparo que sou o único a não fazer esse movimento.

Olho à volta e reparo que a curvatura do pescoço é exactamente igual em todas as pessoas que vejo, como se estivessem a cumprir uma penitência em conjunto.

Tento fixar-lhes os olhos e o único brilho que vejo é o do reflexo do ecrã. Nada mais. Triste.

Sinto-me só rodeado de gente, que não me vê, não me ouve, não me sente. Sou apenas mais um.

Que desperdício de tempo que podia ser de emoções, de conversas, de olhares.

Tantos corpos emersos não nos seus próprios pensamentos mas nos dados móveis recebidos.

Decerto que nunca ninguém imaginou que pudesse haver tanta alienação global, tanto desligamento da realidade.

Nem me parecem fascinados pelo que vêm. Mais parecem hipnotizados. Apenas olham, sem emoção alguma…

Estaremos a ficar cada vez mais apáticos?

Apenas alguns desportos parecem ter ficado imunes a esta falta de emoção.

Pensem por exemplo na comoção em tempos idos na política nacional, especialmente em períodos eleitorais.

Agora a adesão é “tão grande” que mesmo os maiores partidos deixaram de realizar comícios.

Mas afinal o que comove as pessoas? O que as faz correr?

Não sei. Muito pouco. Ou talvez nada. 

Ao virtualizarmos as nossas emoções, certamente apenas restará a apatia.

Vou continuar a levantar a cabeça na esperança de encontrar alguém que como eu, não esteja a olhar para o ecrã do seu smartphone…


… nem que seja por ter ficado sem bateria J

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Mas afinal o que raio é que as Mulheres querem dos Homens?



Caros companheiros do género masculino, peço desde já a vossa maior atenção!

Tal como todos, tenho vivido desde sempre sob um pesadíssimo fardo, que é o de tentar descobrir o maior segredo de todos.

Vejo pelas vossas caras que já sabem a que me refiro. É evidente que estou a falar da resposta à nossa derradeira questão!

Mas afinal o que raio é que as mulheres querem de nós, pobres desgraçados do género masculino?

Mas não julguem nem por um momento que foi fácil obter esta resposta!

Não julguem que não foi resultado de muita introspecção, investigação, pesquisa, questionários e de interrogatórios.
Mas finalmente vi a luz!

Caiu um raio perto de mim que por pouco não me chinava, mas resultou no desvendar deste mistério.

Mas consegui finalmente. Por isso preparem-se para a revelação.

Estou trémulo com a emoção, e mesmo temendo pela minha integridade física, psicológica e principalmente auditiva, vou revelar, em primeira mão, o que afinal as mulheres querem de nós!

Antes de transmitir o que fiquei a saber, declaro ter a noção que a partir de agora, o convívio entre homens e mulheres conhecerá um período de ouro, cheio de compreensão. É que deixarão de haver razões para que não aconteça.

Os homens sempre julgaram que as mulheres eram extremamente exigentes para com os representantes do género masculino, mas descobri que essa ideia é manifestamente um mito urbano, sem qualquer fundamento!

Constatei que as mulheres afinal apenas querem dos homens é.... muitas coisas ao mesmo tempo, no timing exacto e perfeitas em todos os aspectos.

Portanto, tudo coisas simples e acessíveis! LOLOLOL,

As Mulheres SIMPLESMENTE querem…
Que as elogiemos
Que as beijemos com sinceridade
Que nos cuidemos
Que sejamos sinceros
Que sejamos homenzinhos
Que sejamos compreensivos
Que sejamos empáticos
Que nos preocupemos com as suas vidas
Que sejamos atenciosos
Que sejamos reconhecidos
Que conheçamos os seus caprichos
Que sejamos cavalheiros
Que nos autovalorizemos
Que tenhamos confiança em nós mesmos
Que tenhamos vontade de crescer
Que cultivemos o companheirismo
Que tenhamos personalidade
Que as façamos rir
Que cultivemos um lado sensível
Que sejamos inteligentes (ou pelo menos pareçamos)
Que cultivemos o corpo (para este ficar atlético)
Que sejamos confiáveis
Que prestemos muita atenção nelas
Que conversemos com elas
Que sejamos afectuosos
Que sejamos românticos
Que cultivemos a partilha
Que as valorizemos
Que sejamos positivos
Que sejamos os seus melhores amigos
Que sejamos altruístas
Que consigamos exprimir as nossas emoções e sentimentos
(…)

Como é fácil de constatar, nesta súmula de lista (que podem completar), a verdade sempre esteve ao nosso alcance.

Basta seguirmos estes itens (e outros que entretanto poderão ser acrescidos) e teremos a garantia absoluta que as mulheres estarão sempre, no mínimo, felizes connosco.

Resultados garantidos cientificamente!

Agora resta saber se alguma vez nós, pobres homens imperfeitos, nos conseguiremos comportar desta forma tão exemplar....

É que me está a parecer que isto é não é uma lista para homens, mas para verdadeiros ANJOS!

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Lema de Vida


Desde criança me vi como um puto desconfiado, desconfiado que o mundo estava unido para me tramar, e mais valia estar atento que ser apanhado com os calções na mão.

Mais tarde comecei a desconfiar que o mundo tinha coisas mais importantes para fazer, e eu próprio comecei a dedicar-me a outras coisas, já sem olhar para debaixo da cama, onde se escondiam os monstros malvados de outrora.

Agora sei que o mundo está muito entretido noutras coisas, não necessariamente naquilo que deveria, mas enfim, não posso querer tudo, pelo menos por agora.

Mas como quem nasce torto tarde ou nunca se endireita, continuo por vezes a desconfiar que continuo o mesmo puto desconfiado, pelo menos até conhecer bem o chão que piso.

Neste período da minha vida em que tudo parece correr “benzito”, vejo-me por vezes a olhar para trás e a recusar baixar a guarda.

Será que serei sempre o mesmo puto desconfiado que quando a esmola é muita o pobre desconfia? Parece que sim.

Não sou de ficar à espera que o universo ou um qualquer mecenas me resolva os problemas, como uma qualquer cigarra. Vejo-me sempre mais como uma formiguita.

No fundo sempre desconfiei da calmaria, pois a esta sucederá inevitavelmente a tempestade. E quanto mais prolongada for a paz, mais feroz será a guerra!

Não é por não me achar merecedor de períodos de tranquilidade, mas sim pelo simples facto de respeitar o dito popular Não há mal que sempre dure, nem bem que se não acabe.


É que quando muita coisa na minha vida estava efectivamente mal, tinha esse dito gravado na minha memória, e agora, mais que nunca, quero-o junto a mim, como lema de vida.