segunda-feira, 17 de abril de 2017

EU SEI - LÚCIA Capítulo III (3 de 6)


Quando eu levava uma “tampa” do José (o que acontecia demasiadas vezes), telefonava logo para o Paulo.
É que sabia que ele iria aceitar logo a minha proposta, mesmo sabendo que iria desmarcar com outra pessoa. Mas eu não me importava. Com ele sentia-me poderosa. Outra vez!
Reparei que desde a partida do José para Angola que o Paulo já não andou com mais nenhuma namoradita. E aproveitei para estarmos os dois. Com frequência.
A companhia dele enchia-me completamente. E dei-me por vezes a pensar no que seria de mim sem ele.
É que se as boas relações de amizade são assim, punha-me a imaginar como seria se realmente andássemos juntos....
Um dia enchi-me de coragem e dei-lhe um beijo. Mais para ver o que eu sentia que por outra coisa. Recuei. Ele não reagiu. Perguntou apenas “O que é isto?
Acabrunhada, tive de abrir o jogo. “Gosto de ti”. Ele olhou para mim de soslaio. “E?”, perguntou ele….
E….. quero namorar contigo?!” completei, num misto de pergunta e de afirmação.
O sorriso dele foi inesquecível. “Eu não te disse? Eu não te disse que irias pedir para namorar comigo?” E foi-se embora A gargalhar.
Fiquei estúpida sentada no sofá, a olhar para o chão, sem saber bem no que pensar. “Será que o perdi? Será que perdi o amigo, o compincha, agora que lhe disse que o queria?”.
Ainda pensei em ligar-lhe, mas desisti. Esperei. E em boa hora o fiz, pois passada meia-hora tocou-me à campainha, no seu jeito: dois toques curtos.
Abri e só vi uma mão com um molho de rosas vermelhas, com um pedaço de papel A4 escrito “ACEITO!!!” rodeado de corações. É um romântico muito parvo….. mas era o meu romântico!
Toda a gente ficou contente com o facto de termos assumido, de vez, a nossa relação. E a expressão mais ouvida foi a “Até que enfim, caramba”.
Eu confesso! Durante muito tempo tive receio que aquela sensação de cumplicidade que tínhamos enquanto apenas amigos desaparecesse.

(continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário