terça-feira, 14 de novembro de 2017

Uma Carta

Amor, escrevo-te esta Carta por diversas e diferentes razões. Sei bem que não é a mesma coisa estar a transmitir as mesmas palavras, olhando para os teus olhos, mas, dadas as circunstâncias, não me resta outra opção.
O nosso início de relação foi, para ambos, como um lento despertar, uma imensa espreguiçadela de duas pessoas que, estando muito bem sozinhas, começaram a aperceber-se que essa não era a única via, a derradeira solução.
E quando essas duas pessoas, autónomas e desembaraçadas, felizes das suas vidas, se encontraram numa esquina da vida e descobriram, com espanto, que estão melhor uma com a outra, só têm duas hipóteses, ou ficam juntas ou ficam juntas!
E o Amor é lindo quando surge, e mais ainda quando desabrocha. Parece que não há limites para o seu crescimento, qual Big Bang que, de uma centelha explosiva tornou o Universo infinito. E era mesmo essa a sensação. O nosso Amor era infinito.
Mas pessoas houve, daquelas que gravitavam à tua volta como cometas errantes, que não desistiram tão facilmente de ti. E mesmo sabendo que te consideravas minha, não descansei jamais.
Tu eras o Sol e eu a Lua, e juntos reinávamos sob a luz e as trevas. E não havia hora do dia que um de nós não estivesse no firmamento. Mas isso para mim já não era suficiente.
As trevas adensaram-se na minha Alma, vindas das profundezas do meu passado, e os vírus do ciúme e da desconfiança alastraram, e chegou a altura que até as tuas juras de Amor já só sabiam a fel, e não a mel.
Mesmo sabendo que me eras fiel desconfiei. E nesse momento vimos claramente que as Sombras se adensavam e tornaram-se maiores que a Luz, tapando o céu azul que sempre nos cobriu, e soubemos, com tristeza que algo tinha de ser feito.
Sempre me disseste, que Amar é Confiar, mas mesmo assim, sei que Amei e continuo a Amar, mas não confiei. Como a fábula do escorpião e do sapo, mesmo sabendo que ambos morreríamos, feri-te de morte.
Mas agora sei que não era de ti, mas sim das Trevas, da própria Sombra, do Passado que desconfiava. E sei também como sou e não mudo, nem mudarei. Mas mesmo assim sei que te Amei. E Amo.
(Até) Sempre

Sem comentários:

Enviar um comentário